Encontramo-nos, atualmente, em meio à era da inclusão social, e este é o momento de oferecer a oportunidade para todas as pessoas participarem na distribuição de renda do País. Para que isso aconteça, devemos oferecer uma oportunidade de um bom estudo em primeiro lugar. A FAIMI recebeu, pela primeira vez em sua história, alunas surdas, que estão cursando o primeiro semestre de Pedagogia. “Não basta apenas termos disciplinas que reflitam sobre a inclusão, isso também precisa acontecer na prática para aprimorarmos esse conhecimento”, afirma a Coordenadora do curso de Pedagogia, Profa. Dra. Luzia de Fátima Paula. Para auxiliar as duas alunas, Jackeline Fontes e Aline Evangelista, a FAIMI contratou uma intérprete que acompanha as aulas e serve de ponte entre os surdos usuários da LIBRAS e os ouvintes, com o objetivo de estabelecer a comunicação entre ambos. “Eu trabalho com isso há 10 anos. Fiz magistério e tive contato com surdos nessa época, por isso resolvi fazer o curso de libras. Quando prestei vestibular, optei por uma faculdade que estudasse a área da deficiência auditiva e comecei a trabalhar em grupos com crianças surdas”, contou a Intérprete Elaine Pereira Rezende. Quando questionada sobre a importância e o sentimento de realizar esse trabalho, ela ainda completou: “A sensação é muito gratificante, pois a expectativa delas de fazer uma faculdade é imensa. Eu acredito que as pessoas que estão aqui convivendo com elas vão ter outra visão de mundo”. Durante a aula, a Profa. Esp.Teresinha de Lourdes Fávero realizou uma versão do jogo dos sete erros, quando as alunas se dividiram em dois grupos e, enquanto um deles trocava alguns acessórios que usavam entre si, o outro deveria apontar quais tinham sido essas trocas. Por sugestão da professora, cada uma das alunas surdas ficou em um grupo. “Eu acho importante que elas participem de todas as atividades normalmente. Se a atividade não estiver de acordo, preciso criar uma maneira de adequá-la e repensar a minha prática. É uma oportunidade de aprendizado para mim”, declarou Teresinha. A atividade foi bem sucedida e toda a classe se divertiu. As alunas ouvintes procuraram aprender alguns sinais em LIBRAS para se comunicarem com Jackeline e Aline e estavam procurando deixa-las à vontade o tempo todo. “Eu estagiei dois anos na prefeitura e, em um desses anos, trabalhei com crianças com síndrome de down e foi uma experiência maravilhosa. Fiquei feliz com a chegada das alunas surdas, até pedi um folheto para fazer aula de libras. Sou apaixonada por isso, faço pedagogia para trabalhar com crianças com deficiências”, contou a aluna Maria Helena Souza Andrade.
“A atividade hoje foi muito boa, a sala inteira interagiu, se divertiu e aprendeu. Essa interação vai ser boa para crescermos como profissional e como pessoa, estamos aprendendo com elas muito mais do que ensinando”, completou a aluna Natália Cristina do Nascimento Silva. Ao final da atividade, a aluna Jackeline desabafou perante todas as suas colegas: “Eu tive dificuldade em outras faculdades. Estou tentando começar esse curso há quatro anos, mas sempre encontrei o obstáculo da faculdade não disponibilizar um intérprete, mesmo sendo lei. A FAIMI me deu a oportunidade que eu tanto esperava e nunca estive mais feliz. Aqui os ouvintes interagem, a professora nos aceita e eu finalmente poderei me formar para trabalhar com outras crianças surdas e lhes dar a mesma oportunidade no futuro”. Aline, por sua vez, não passou por tantas dificuldades para começar um curso do ensino superior, mas fez questão de enfatizar: “Estou muito feliz de estar aqui e quero aprender pedagogia para me desenvolver”. Tanto a FAIMI, como os alunos, esperam que essa iniciativa abra o leque para que outras pessoas com deficiência recebam a mesma oportunidade de um bom ensino e um futuro garantido.
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